segunda-feira, dezembro 04, 2006

Os Últimos e os Primeiros

Em cada porta, era avisado: não vá. Não, eu sigo. Em cada beijo, despedida, era uma súplica. Não vá. Não. Eu sigo. Havia obstáculos a cada passo: não vá. Risos. Eu consigo. O tapete se tornava menos gasto a cada metro. Não vá.

Eu sigo.

Há milhares de coisas na vida que precisam ser revistas. Televisionadas. Nada. Há milharais de coisas na vida tomadas de urubus. Há urubus em toda parte. E minhas partes retratam o inteiro. Há, inteiros, a dor e o certo. Concreto e irreal. E eu serei a realidade que, sem cheiro, cor ou credo, bate na culpa do célebre cordial.

"A Grande Questão Filosófica de Nosso Tempo".

Há gente na vida dos outros, por que não aqui? Há vida na vida dos outros e eu sigo com duas ou três certezas. Só. Serei lembrado por duas vezes. Os dias que nasci. Os dias que morri. Os primeiros serão comemorados e por aqui eles vivem.

Os últimos serão calados. E, por eles, morrem.

Sigo certo que o maior erro é optar pelo incerto, quando é de desertos que se preenchem os mares.

(Solano Lucena)