segunda-feira, dezembro 04, 2006

Quem é sujeito

Melindrosa, você tem cinco minutos p'ra mudar a minha vida. E eu quero fazer dessa ordem meu ponto-de-partida.

Assim, me desligo do vício. Assim, nem condeno o passado e opto por um reinício, que, eu sei, está atrasado. Desisto das frases de efeito, deixo as poesias de lado. Nem quero mais saber quem é sujeito, só quero é viver de predicado.

Não jogo mais lixo no chão, nem limpo a calçada com mangueira. Nada de barulhos no salão. Nem passear com Bernardo sem coleira. Sem mais limpezas de faz-de-contas. Não deixo a luz acesa de dia. Tiro da tomada o microondas. Não deixo mais amontoar louça na pia.

Não me gripo nos finais-de-semana. Juro. Levo comigo cada uma das vitaminas. Sério. Dou água para todas as plantas. Sempre. Todo amor para nossa menina.

Deixa o ponteiro do relógio bater. Deixa o espelho do armário mostrar o casaco vermelho sobre o pechiché, é um sinal que a dona está a voltar.

Deixa o ponteiro do relógio bater. Deixa o espelho do armário mostrar. O casaco vermelho sobre o pechiché é um sinal que a dona está a voltar.

Melindrosa, você tem cinco minutos p'ra mudar a minha vida, porque agora eu sei dos amarelos que fazem o meu dia.

(Solano Lucena)