sábado, outubro 28, 2006

Os Muralistas

Os Muralistas expunham suas idéias com as mesmas convenções artísticas que aqueles da tela e cavalete. O que diferencia os Muralistas desses, é a temática social, seus ideais e sua ousadia de ter suas obras vinculadas longe das grandes galerias.

Os mexicanos, por estarem exatamente na divisa, tinham uma visão certeira do que beirava o futuro. Estados Unidos, esquecimento das raízes indígenas, valorização da cultura estrangeira. Nos murais, a realidade era forte e contemplável.

O motivo para esse movimento acontecer é a sobra da Revolução que aconteceu no país. Uma revolução que elevaria os camponeses explorados, escravos ou com salários irrisórios, para um patamar superior. Zapatistas lutavam pelos seus direitos e o governo mexicano se sentia oprimido. Mudava a lei e daria ao trabalhador do campo mínimas condições.

Mas a mínima condição era pouco para os Muralistas, que transformaram a Revolução em uma causa artística. Murais eram pintados em locais diversos, igrejas, escolas, museus ou palácios do governo. Sempre retratando o povo, o popular, essas obras contestavam valores e eram vistas como comunistas pelo mundo.

Entre os Muralistas três grandes nomes são levados em conta: Rivera, Orozco e Siqueiros.

Diego Rivera é o mais conhecido dentre os três. Estudado na Europa, foi por mim descoberto através do filme "Frida", que retratava a vida de Frida Kahlo, sua esposa. Com temáticas inteligentes, seus traços parecem bastante influenciados pela escola européia, detentora do bom-gosto no mundo.

O homenageado da 4a Bienal do Mercosul, José Clemente Orozco trabalha bem a brutalidade em sua obra. A realidade não é bonita, mas ela precisa ser exposta em murais. O mundo precisa ver, não apenas conterrâneos de América Latina. A obra é estrategicamente bruta e rude. O que, dentro do contexto, a torna agradabilíssima à percepção.

Alfaro Siqueiros é o terceiro e não menos importante artista plástico. Não estava ligado à história mexicana com sua temática, como Orozco e Rivera, seu interesse era apenas a modernidade, a luta de classes, o futuro México. Sua obra é muito voltada para a geometria de peças, embora ainda representativa, o que é uma visão bastante moderna ao se tratar de início de século 20.

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(Solano Lucena)