Eu nunca voei
Ele está na merda e pensando bem alto.
Talvez eu possa voar agora. Por que não poderia? Talvez eu possa voar. Foram tantas as desilusões e as lágrimas, foram tantos os pecados e as condenações, as misérias e as conseqüências, as preguiças e minha inércia, que alguém irá me retribuir com um vôo. Um vôo só. Ah, não é demais. Enfim... Se Deus é justo, então eu poderei voar!
E assim, como um delinqüente, ele se prepara para o vôo na janela, não olha para baixo, já conhece bem o que há p'ra lá. Faz um gesto como se fosse uma preparação habitual - embora não haja habitualidade ali. Afinal, ele nunca voou. Ninguém nunca voou. Nem irá voar. Nunca. Jamais... Suas pernas estão pregadas no chão, esperando sua cabeça, que não voa, cair do pé, de tão madura.
(Solano Lucena)
Talvez eu possa voar agora. Por que não poderia? Talvez eu possa voar. Foram tantas as desilusões e as lágrimas, foram tantos os pecados e as condenações, as misérias e as conseqüências, as preguiças e minha inércia, que alguém irá me retribuir com um vôo. Um vôo só. Ah, não é demais. Enfim... Se Deus é justo, então eu poderei voar!
E assim, como um delinqüente, ele se prepara para o vôo na janela, não olha para baixo, já conhece bem o que há p'ra lá. Faz um gesto como se fosse uma preparação habitual - embora não haja habitualidade ali. Afinal, ele nunca voou. Ninguém nunca voou. Nem irá voar. Nunca. Jamais... Suas pernas estão pregadas no chão, esperando sua cabeça, que não voa, cair do pé, de tão madura.
(Solano Lucena)
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