terça-feira, julho 18, 2006

A primeira nota que entoa

A primeira nota que entoa
Silencia quem não ouvia
Os apelos do lugar

Cessam-se as luzes
E, por detrás de uma seda branca, surge
O anúncio de espetáculo que irá ali se desfrutar

Como mágica, uma menina agiganta-se a cada metro
E faz, daquele pouco palco, uma casa p’ra morar

Não há limites ou paredes
Pisa sisuda, seu chão é o céu
Tudo é música, poesia e deleite
E seu nome estava escrito num papel

Nome num papel

A última nota que soa
Soa ecoante e certeira

N’um instante, fecham-se repregadas cortinas
Dá-se fim, então, o recanto das bailarinas
Contando-nos que o espetáculo morreu,
Como morre o dia todos os dias,
no cansaço que o escondeu.

(Solano Lucena)