sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Renato e sua guitarra

Chegou da aula, pôs a mochila no sofá e foi fazer algo para comer. A mãe havia deixado lasanha no micro, era só esquentar. Foi comer no quarto, queria ver The O.C. na tevê. Mas, ao chegar nele, um susto. Sobre a sua cama havia um case. Havia um case sobre a sua cama. Sua encomenda chegou uma semana antes do previsto.

Lindo. O case era lindo. Preto. Um metro de comprimento e uns vinte centímetros de altura. Na parte superior, uma palavra: Fender. Em alto-relevo. Lindo. O case era lindo.

Abriu. Espuma de poliuretano contornava aquela perfeição. Uma Fender Stratocaster americana adormecia naquele case. Lavou as mãos antes de acordá-la, claro. E a Fender Stratocaster americana estava em suas mãos.

Ele afagava aquele corpo de groupie. Aquele corpo branco, que tantos outros famosos já teriam afagado. Pegava no colo. Acariciava seu braço. Abraçava emocionado. Aquilo era pura excitação. Era o clímax de sua vida.

Fez seu primeiro acorde, um sol. Um sol que tremeu os vidros do quarto. Um sol que acordou sua mãe no quarto ao lado - Natinho, que barulho foi esse? Um sol que se abriu em um dia nublado. Um sol, um sol que iniciava um sonho.

- Natinho, o caralho, teu filho agora é um rockstar, porra!

(Solano Lucena)