sexta-feira, agosto 24, 2007

Dez Dedos de Desdobramentos

Sobre a mesa, um guardanapo de espessura mediana. Deixado, assim, dobrado, numa espessura mediana. Uma amizade, um pedaço de papel, uma página inteira. Palavras de ordem, um ditado inconsciente.

No interior, há um interesse escrito em letras garrafais, onde a praxe do bilhete se escreve em letras garrafais. Um olhar, um salão, um outro olhar. Uma dúvida que sabiamente cuidará por permanecer.

No texto, um endereço dá vazão ao imaginar: o começo de um começo, a razão de imaginar. Um filme, um cinema, um cinema mudo. Um pouco de graça naquele dia sem cor.

Esse é o filme que eu havia te dito. Cuida a luz que é p'ra não desfocar. A primeira tomada não é bem o início. No cinema falado, ainda é preciso letrar.

Respostas perguntam. No final, ele morre. O prazer digital não se pode comprar. Crédito ao nome, pois assim ele corre, de nome em nome, o renome se dá.

A inovação da imagem é um filme de amor físico sobre um cobertor p'ra todo mundo ver. E as cores de Almodóvar são as cinzas do escritor, que morreu na transição: arte-vida qualquer.

(Solano Lucena)