Continua
De madrugada, ela acordou, como costumava acordar quase toda noite, e viu, de longe, uma luz. Levantou-se da cama e encontrou uma luz ligada no corredor. Chegou mais perto, estranho deixarem luzes ligadas no meio da noite.
Nenhuma explicação aparente. Apagou a luz. Voltou para o quarto. Mas a consciência voltou a bater: será que as pessoas da casa saíram e esqueceram ligada a luz do corredor? Voltou para o corredor. Acendeu a luz. O quarto do seu irmão estava com a porta entreaberta. Olhou com olhos compridos. Ele estava ali dormindo. Pronto, voltaria a dormir. Apagou a luz do corredor e... A luz do quarto de seus pais estava ligada.
A porta estava fechada, como sempre ficava, mas a luz estava ligada. Acendeu novamente a luz do corredor e foi até a porta dos pais. Lentamente, com suas pantufas de Frangolino, não faria barulho. Pôs sua cabeça ao lado da porta, delicadamente.
Era um silêncio atordoante.
Atordoante para ela, ao menos. Resolveu bater na porta com mãos de veludo. Três toques e ninguém havia respondido. Resolveu entrar. Será? Da última vez que fez isso, o pai não gostou, mesmo tendo motivos.
Foram quase dez minutos pensando se era possível entrar ou não. Já havia hesitado, voltara alguns passos, mas a curiosidade a motivava a continuar. Resolveu entrar.
As roupas de cama estavam jogadas na cama. Não havia ninguém ali. Resolveu procurar pela casa... Não. Digo, sim, resolveu, mas desistiu logo. Acordaria seu irmão, ele era mais corajoso e mais velho. Adentrou o quarto do mano e, com o mínimo de sensibilidade - coisa de irmã caçula, ligou a luz. Seu irmão não estava lá. O que havia ali eram os lençóis sobre a cama, formando o corpo de uma pessoa, como se fosse alguém dormindo.
Ela estava sozinha naquela casa como nunca esteve antes. E seus pais e irmão não haviam lhe dado qualquer explicação.
Continua.
(Solano Lucena)
Nenhuma explicação aparente. Apagou a luz. Voltou para o quarto. Mas a consciência voltou a bater: será que as pessoas da casa saíram e esqueceram ligada a luz do corredor? Voltou para o corredor. Acendeu a luz. O quarto do seu irmão estava com a porta entreaberta. Olhou com olhos compridos. Ele estava ali dormindo. Pronto, voltaria a dormir. Apagou a luz do corredor e... A luz do quarto de seus pais estava ligada.
A porta estava fechada, como sempre ficava, mas a luz estava ligada. Acendeu novamente a luz do corredor e foi até a porta dos pais. Lentamente, com suas pantufas de Frangolino, não faria barulho. Pôs sua cabeça ao lado da porta, delicadamente.
Era um silêncio atordoante.
Atordoante para ela, ao menos. Resolveu bater na porta com mãos de veludo. Três toques e ninguém havia respondido. Resolveu entrar. Será? Da última vez que fez isso, o pai não gostou, mesmo tendo motivos.
Foram quase dez minutos pensando se era possível entrar ou não. Já havia hesitado, voltara alguns passos, mas a curiosidade a motivava a continuar. Resolveu entrar.
As roupas de cama estavam jogadas na cama. Não havia ninguém ali. Resolveu procurar pela casa... Não. Digo, sim, resolveu, mas desistiu logo. Acordaria seu irmão, ele era mais corajoso e mais velho. Adentrou o quarto do mano e, com o mínimo de sensibilidade - coisa de irmã caçula, ligou a luz. Seu irmão não estava lá. O que havia ali eram os lençóis sobre a cama, formando o corpo de uma pessoa, como se fosse alguém dormindo.
Ela estava sozinha naquela casa como nunca esteve antes. E seus pais e irmão não haviam lhe dado qualquer explicação.
Continua.
(Solano Lucena)
<< Home