Onde tenho passado?
Parece a rua de sempre. Por aqui passam os mesmos olhos de garotos determinados a vencer o time adversário no jogo da cancha. Todos competindo para ver quem levará o objeto principal (a bola) para o campo de batalha. Entre eles, os filhos da Kátia, Caio e Carlos Alberto.
Seu Periquito discutindo futebol na esquina com o Osório. O sobrinho do Seu Periquito foi dispensado do nosso time, enquanto o neto de Osório foi contratado por um time em Portugal. Já jogamos juntos, era ruim...
Olha a Kátia chamando os filhotes p’ra tomar banho! Como engordou. Coitada, parece que o marido não gosta que ela saia de casa. Ele não é bem certo. É o segundo casamento dela. O anterior, com o irmão da Dri, não teve muito sucesso porque ele gostava de viajar e ela tinha que cuidar da Dona Sueli.
Parece a rua de sempre, o Ronaldo e o Tiago andando juntos, arquitetando como se dar bem com as mulheres. Olhando para todas que passam e falando bobagens. Ronaldo tentou seguir a carreira militar, mas não pôde. Tiago nunca quis nada com nada.
Parece a rua de sempre, o Selmo levando seu cachorro de raça húngara, Ludolfo, p’ra passear. Só que agora, junto de sua irmãzinha, Dora, que será aeromoça quando crescer. A Dani tentando mudar o jeito de ser de seu novo namorado, nunca conseguiu com nenhum. O Beicon traindo outra vez a Camila, alugando o apartamento da Mara, que foi veranear em Arroio com o marido e o filho dele. A mãe me dizendo que a laje é fria, que é para eu pôr uma almofadinha antes de sentar.
- Tá, mãe, já vou buscar!
E a chuva! Ah, a chuva! Todos correm para suas respectivas casas espalhadas pela rua. A chuva lava a calçada e os carros. Tranca os meninos em casa e me causa uma saudade. Quem amo não se senta ao meu lado p’ra ver a chuva. Ela não pega na minha mão e não a põe sobre sua barriga enorme. Pode ser que não seja ele meu sonho, mas será tão amado quanto. E o seu sorriso amarelo de cigarro é tudo aquilo que queria ouvir. Ali eu seria feliz... A saudade que sinto é a pior de todas as saudades. É a saudade de tudo aquilo que sei que acontecera comigo, em algum lugar, em algum tempo. Na minha rua com pedrinhas de brilhante, ou na casinha de tijolos dentro do meu coração.
(Solano Lucena)
Seu Periquito discutindo futebol na esquina com o Osório. O sobrinho do Seu Periquito foi dispensado do nosso time, enquanto o neto de Osório foi contratado por um time em Portugal. Já jogamos juntos, era ruim...
Olha a Kátia chamando os filhotes p’ra tomar banho! Como engordou. Coitada, parece que o marido não gosta que ela saia de casa. Ele não é bem certo. É o segundo casamento dela. O anterior, com o irmão da Dri, não teve muito sucesso porque ele gostava de viajar e ela tinha que cuidar da Dona Sueli.
Parece a rua de sempre, o Ronaldo e o Tiago andando juntos, arquitetando como se dar bem com as mulheres. Olhando para todas que passam e falando bobagens. Ronaldo tentou seguir a carreira militar, mas não pôde. Tiago nunca quis nada com nada.
Parece a rua de sempre, o Selmo levando seu cachorro de raça húngara, Ludolfo, p’ra passear. Só que agora, junto de sua irmãzinha, Dora, que será aeromoça quando crescer. A Dani tentando mudar o jeito de ser de seu novo namorado, nunca conseguiu com nenhum. O Beicon traindo outra vez a Camila, alugando o apartamento da Mara, que foi veranear em Arroio com o marido e o filho dele. A mãe me dizendo que a laje é fria, que é para eu pôr uma almofadinha antes de sentar.
- Tá, mãe, já vou buscar!
E a chuva! Ah, a chuva! Todos correm para suas respectivas casas espalhadas pela rua. A chuva lava a calçada e os carros. Tranca os meninos em casa e me causa uma saudade. Quem amo não se senta ao meu lado p’ra ver a chuva. Ela não pega na minha mão e não a põe sobre sua barriga enorme. Pode ser que não seja ele meu sonho, mas será tão amado quanto. E o seu sorriso amarelo de cigarro é tudo aquilo que queria ouvir. Ali eu seria feliz... A saudade que sinto é a pior de todas as saudades. É a saudade de tudo aquilo que sei que acontecera comigo, em algum lugar, em algum tempo. Na minha rua com pedrinhas de brilhante, ou na casinha de tijolos dentro do meu coração.
(Solano Lucena)
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