Ao falar de Tropicalismo, não é possível esquecer das artes plásticas, da influência que essas tiveram para o trabalho visual do movimento. Hélio Oiticica é o principal nome, principal expoente da arte tropicalista e autor da obra que daria nome ao mesmo, Tropicália.
Tropicália é uma instalação. Já no período neoconcretista, o artista ousava atravessar essa barreira de objeto pictório e escultório, o público precisa participar da obra. Hélio é um dos nomes que, junto com Lygia Clark, Franz Weizzmann e Amilcar de Castro, fundou o primeiro movimento de artes plásticas unicamente brasileiro, o Neoconcretismo. Influenciados por nomes concretistas e do construtivismo russo, os neoconcretistas tinham como visão aproximar as galerias do povo brasileiro, embora o excesso de linguagem geométrica.
Tropicália é uma instalação. A obra de 1967 é um jardim com pássaros vivos e plantas. O clima é de um brasileiro nativo, no lado de fora da obra. O interior da instalação tem como objetivo a memória da favela. Oiticica parece querer ali mostrar “diferentes Brasis”. Uma televisão do lado de dentro, um cantar de pássaros do lado externo.
Oiticica ainda ficou conhecido por uma obra bastante peculiar chamada Parangolés, onde o público podia vestir a obra, dançar e ter a experiência da cor desta em seu corpo. Seria o auge da dessacralização da obra de arte e da aproximação entre arte e vida - a arte como extensão do homem -, assim como se interessava Lygia Clark ao criar os Bichos. Os trabalhos deixam de ser “obras” para serem propostas abertas ao público e por ele completadas.
Por fim, enquanto a Tropicália, movimento, explodia, Hélio se engajava realizando cenários de shows e capas de discos dos músicos. Participou como ator em um filme do incansável diretor Glauber Rocha. Um filme chamado "Câncer", onde a ferida da ditadura é cutucada a cada minuto pelo cineasta. E, ainda no momento tropicalista, realizou manifestações de cunho político, como a obra Homenagem à Cara de Cavalo, com a clássica frase, quase um sinônimo de Hélio Oiticica, "Seja Marginal, Seja Herói" (como se fosse simples assim ser sinônimo de Hélio Oiticica).
(Solano Lucena)